cronicamente online # 001
tanta informação tem que ir pra algum lugar, né? vamos começar a falar de marketing e de meme?
fala aí, seus cronicamente online! tudo bem?
bora começar a escrever? quem me conhece sabe (!!!): eu sempre escrevi. no bloco de notas, no caderno, no grupo solo do whatsapp (…) - mas quase nunca compartilhei. rolava uma trava. dividia só com o time, ou com algum amigo mais próximo. e percebi que isso é mais comum do que parece.
enquanto tem gente que publica tudo sem medo, muita gente legal trava na hora de dividir o que pensa. medo de julgamento? de parecer irrelevante? de ser cancelado? tudo junto? não sei.
mas meu momento chegou: eu resolvi ignorar esses medos e escrever por aqui.
mas escrever sobre o quê? infelizmente pra uns, felizmente pra outros, resolvi escrever sobre marketing. (mais uma pra encher sua caixa e você não abrir!)
sem tema fixo, sem filtro demais, mas com um propósito claro: compartilhar pílulas rápidas sobre o que vejo online: memes, comportamentos, tendências de redes sociais e como as marcas estão (ou não) pulando nessas conversas.
é um olhar de quem vive cronicamente online (acho) tentando traduzir isso pra quem nem sempre gosta disso.
mas o que é ser cronicamente online? como bom jovem de fórum que fui, sempre considerei um hobby ir pro mundo e pro submundo do X (twitter), Reddit, Discord e afins pra entender de verdade o que tá rolando por lá. isso me ajuda a me conectar mais com meu trabalho e fazer o que eu gosto de verdade: tentar entender gente.
o ChatGPT (depois de alguns prompts pra reduzir texto) me deu a definição:
“Ser cronicamente online é viver num universo paralelo onde memes são notícia, tretas viram novela, e a timeline importa mais que a vida offline.” (GPT, Chat, 2025)
talvez seja isso mesmo. ou talvez seja só a forma como a gente encontra sentido hoje nas nossas bolhas digitais. o fato é: boa parte das marcas já entendeu que essa cultura memética é o caminho pra se aproximar de um público que vive num mix phygital (começou a newsletter do marketing! pega essa!)
e é aqui que eu entro: quero falar sobre isso. sobre como o comportamento online virou ativo estratégico.
zé, para de escrever plmds, me dá conteúdo logo!
(juro que esse textão é só pra te contextualizar nesse #001!)
bora:
cronicamente online #001, Lady Gaga, o Rio de Janeiro e o equity de marca
se você não ouviu falar da Lady Gaga em NENHUM momento nessa última semana, sinto te informar: você é cronicamente offline. tá decretado.
a artista, que acumula mais de 115 milhões de ouvintes mensais no Spotify, veio pro Rio de Janeiro fazer o maior show da sua vida. gratuito. em Copacabana. com transmissão ao vivo. com milhões de pessoas na praia. com a volta da Gaga ao Brasil depois de 13 anos. com tudo.
quer saber mais detalhes do show? tem várias matérias rolando por aí.
pode começar por essa aqui se quiser se atualizar rapidinho.
aqui a gente vai falar de internet, de conversa gerada — e nada melhor do que Lady Gaga pra ilustrar isso.
no dia 03 de maio (data do show), o termo “Lady Gaga” teve um pico de buscas no Google. mas o mais interessante nem é o volume em si - e sim o tipo de busca que rolou. entre os maiores aumentos (+5000%) estavam:
“quem é o noivo da Lady Gaga?” (spoiler: teve treta no café da manhã, dizem os funcionários do Copacabana Palace)
“teve atentado no show?"
“quem pagou o show da Lady Gaga?”
isso mostra, mais do que nunca, como a internet é fragmentada. o mesmo evento gera várias micro conversas, de naturezas completamente diferentes: do pop ao político, do meme ao medo, da fofoca ao faturamento.
pra facilitar a conversa de verdade, trouxe alguns highlights:
a briga dos famdons
Lady Gaga, Beyoncé, Taylor Swift, Rihanna ou Britney Spears? quem realmente enche mais Copacabana?
essa pergunta (que ninguém fez oficialmente, mas todo mundo respondeu mesmo assim) dominou as redes no dia do show.
uma enxurrada de comentários tomou conta do X, do TikTok, do Instagram e do grupo do zap. todo mundo querendo decidir quem é a maior que temos hoje.ps: como a internet é livre, também tem gente que acha que a Olivia Rodrigo colocaria 3 milhões na praia - e tá tudo bem.
só no dia 03 de maio, as discussões entre fandoms geraram mais de 15 milhões de views. e, no fim das contas, colocaram tanto a Lady Gaga quanto a Beyoncé nos trending topics globais. ou seja: todo mundo vence (menos quem tenta fugir do assunto).vale lembrar que Gaga e Beyoncé têm uma música juntas: Telephone. e a Globo fez uma das melhores publis da semana com um revival dessa cena icônica. o vídeo já soma +200 mil likes e mais de 3 milhões de views espalhadas entre TikTok, X e Instagram.
memória afetiva + cultura pop + timing = check.
é o maior show do mundo ou não? movimentou a economia do Rio ou não?
*o post da prefeitura pegou mais de 2M views
tem gente jurando que não tinha 2,1 milhões de pessoas na praia.
tem vídeo no TikTok com cálculo de área por metro quadrado, tem infográfico, tem thread no X tentando provar que não cabe isso tudo.
e claro, tem os nostálgicos que amam uma competição: os fãs do Papa e do Rod Stewart estão nessa lista.
mas o que isso impacta pro marketing? nada.
o que importa é que o evento movimentou mais de R$ 90 milhões em publicidade na cidade do Rio. foi trend topic global, virou conversa em absolutamente todas as plataformas, dominou a semana nas redes (e de veículos internacionais como CNN, BBC, NY Post, etc) e, por duas horas, fez o Brasil parar pra ver um show.
ou seja: se foi o maior ou não, a resposta certa é tanto faz.
pro Rio de Janeiro e pra marca Lady Gaga, foi gigantesco. e ponto final.
lady gaga, a maior patriota que já vimos?
narrativa é tudo nessa vida, né? e acreditar nela também.
teve uma parte da internet (especialmente a galera do WhatsApp, do grupo da família que você silenciou) que mandou ver: Lady Gaga é a maior patriota que esse país já viu.
o motivo? ela rasgou o vestido vermelho no palco e revelou um look verde e amarelo. bastou pra virar patrimônio nacional.
isso tudo só reforça o que a gente vive falando em marketing: toda ação tem dois (ou mais) lados.
você pode ter pensado “olha ela homenageando o Brasil” e alguém pode ter visto “Lady Gaga é a musa da direita”.
a pergunta que fica é: você, enquanto marca, creator ou empresa, tá preparado pra lidar com as narrativas que criam sobre você, mesmo que sejam diferentes do que você queria dizer?
porque nem sempre dá pra controlar a interpretação. mas dá pra escolher se você vai correr dela… ou abraçar.
negócios e marcas
e como em tudo que gera conversa: tem marca envolvida. muita gente entrou na conversa, mas quero destacar três por aqui:
Disney e o Stitch
a Disney aproveitou a presença de Lady Gaga no Copacabana Palace para promover o novo live action do Stitch. enquanto a mother monster não aparecia na sacada (e só mandava pizza pros seus fãs), o personagem apareceu e fez a animação dos fãs que tavam esperando por alguma coisa.resultado? muita conversa online, relevância de marca e destaque pro novo live action que tá chegando.
o aplicativo de relacionamentos queer Grindr ganhou tração nas conversas online sobrevoando a praia com uma faixa que dizia: “Emergência! Mandem mais ativos”. golaço do app que entendeu onde tava seu público, criou mensagem relevante/auto-irônica e teve coragem pra fazer.
resultado? enxurrada de comentários - incluindo influenciadores que ajudaram a compartilhar organicamente.
Corona foi a patrocinadora master do show e estava por todos os lados. nos materiais de comunicação, nos telões, nas ativações, e principalmente: na área VIP.
metade daquele espaço privilegiado (que levou metade das celebridades do Brasil pro ver a Gaga de pertinho) era assinado pela marca.
e funcionou: presença fortíssima nas redes, alcance alto pra quem ficou em casa, e celebração de 100 anos da marca no cenário que mais representa ela por aqui: a praia. lindo, né?
sim… até alguém no X subir um post falando dos tapumes da Corona que tampavam a visão do palco.foi o suficiente pra transformar a conversa. muita gente reclamando, postando foto, fazendo piada, discutindo o espaço público versus os privilégios de marca.
depois, veio o esclarecimento: os tapumes iam sair, mas por questões de logística, acabaram virando meme antes. só esse tópico gerou +1 milhão de interações em menos de 24h. e aí fica o ponto pra você, profissional de marketing que tá lendo isso: qual o equilíbrio entre presença de marca no físico e percepção no online? qual tem (ou deve ter) mais relevância?
chegou até aqui? me manda um alô no LinkedIn. só pra ter certeza que valeu a pena.
ah! e diz pra mim que você volta na semana que vem pra gente bater um papo?
gostou? quer ver os próximos? bora compartilhar?
até semana que vem ;)
zé!
Escrita muito leve e atual, parabéns! Excelente texto para impulsionar novas conversas e abordagens, principalmente de como as marcas podem se relacionar em momentos assim, curti.