cronicamente online #002
tudo o que acontece na internet é realmente de caso pensado? ou às vezes é só sorte mesmo (e aí se finge que foi tudo pensado)?
fica aí o questionamento inicial dessa newsletter de hoje: tudo que é mostrado pra gente e criado por influenciadores na internet é estratégia desde o início? ou só vira estratégia depois que dá certo? (e se deu errado, não tem problema… não era estratégia mesmo)
há alguns meses dois casos no mundo dos influenciadores chamaram atenção e geraram conversa online. pra refrescar a memória:
belo dia a Virgínia (maior influenciadora do país) começa a comer ovo. mas não é pouca coisa. é muito ovo. coisa de 20 por dia - era uma dieta pra ajudar ela a emagrecer depois da segunda gravidez.
resumo: dias depois de falar da dieta o tempo inteiro, lançou um Whey Protein da sua marca. que valia por 20 ovos se usado na quantidade certa (um scoop gigantesco kkkk)
até a filha da Virgínia (que, diga-se de passagem, tem dois anos) apareceu tomando um “mingau de whey nos stories” 2. boca rosa & o recall de produto
Bianca (Boca Rosa) lançou seu novo produto, marca e tudo junto. mas deu errado! várias consumidoras reclamando online. caos generalizado.
a solução? honestidade. uma nova estratégia pra retirar o produto do mercado, re-branding, adequação de embalagem em tempo recorde. 2x mais mídia orgânica pro lançamento. a crise que bateu certo (será que já não era planejada desde o início?)
na última semana, nesse mesmo caminho aí de cima, uma conversa que agitou o X foram as tâmaras da Franciny*
*essa Franciny aqui, a Ehlke, com mais de 17 milhões de seguidores. empresária do ramo de maquiagem. a que ganhou um anel de noivado de 5.1 milhões de reais e que também ganhou um helicóptero de presente de aniversário.
esse vídeo de uma bela manhã na vida da influenciadora bombou e chegou em mais de 11 milhões de visualizações (tirando os reposts).
tem fórmula? o que fez ele viralizar?
vida de bilionário que não parece bilionário (comer numa mesinha no quarto é real? o móvel de mogno (?) questionado por vários?)
rotina “pacata” e invejável: acordar tarde, clima calmo, estética de vida desejada (sem julgamento da minha parte, viu? até queria)
e o grande protagonista: a tâmara.
tâmara no café. no almoço. no jantar. e - PASMEM - na cama.
os três fatos parecem ser bastante propositais. e seguem a cartilha viral do criar “choque” e “estranhamento” na internet pra gerar comoção e assunto - e se assemelham bastante com as estratégias ali de cima da Boca Rosa e da Virgínia.
mas a pergunta que não quer calar é: será que a Franciny vai lançar algum produto à base de tâmara?
tudo pode ser uma grande viagem. mas e se não for? a gente volta pra questão inicial dessa semana: tudo criado na internet vem de caso pensado? ou a tâmara é só um snack low carb que faz parte dos 100% do dia da influenciadora e ela nem se tocou que isso poderia virar assunto?
vale lembrar que o Brasil é o 4º maior mercado de beleza do mundo. só aqui ele US$ 33 bilhões e deve chegar a US$ 44 bilhões até 2029.
a marca da Franciny, sozinha, vendeu R$ 266 milhões no ano passado e quer bater os R$ 400 milhões esse ano - crescendo mais de 80% e competindo direto com marcas como L’Oréal. a fortuna da influenciadora? já passa de meio bilhão de reais. dificilmente tem ponto sem nó aqui.
vamos esperar as cenas dos próximos capítulos… a gente tá sendo manipulado o tempo inteiro, será? essa vida é uma simulação? essa newsletter é, na real, uma propaganda disfarçada pra te tirar das redes e te fazer consumir conteúdo só por aqui? não sei. se der certo, é estratégia. se não der… não era essa a intenção mesmo...
mas nem só de tâmara seca vive a internet brasileira…
ela vive de fofoca e intriga também. e se você não ouviu falar de Liz Macedo, Duda Guerra e Júlia Pimentel nos últimos dias… sinto dizer: você tá bastante fora da internet.
e por isso, pensei em trazer aqui as 5 grandes lições que devemos aprender com esse caso:
[mentira.]
a gente não tem nada que aprender com essas coisas. é só entretenimento mesmo… hahaha. nem tudo precisa ser edificante, e tá tudo certo.
mas se você quiser entender o que rolou, esses vídeos da Beta, do Portela ou do Marcelo. trazem um bom resumo dessa fofoca teen. (spoiler: até a Angélica tá envolvida.)
mesmo que esse caso específico não ensine nada, vale destacar dois pontos que se destacam na história pra quem trabalha com comportamento, produto ou marketing:
o “dix” do Benício
o termo “dix” já existe há algum tempo. mas essa semana ele apareceu como um dos pivôs da fofoca aí de cima. e me fala, o que é “dix”?
“dix” vem de digits: uma gíria nos EUA (drop your digits), usada pra pedir o número ou o @ de uma conta secundária, mais privada. “solta o dix, aí”
as pesquisas sobre o termo “dix”. cresceram no primeiro dia da fofoca, mas ainda ganham escala até hoje mas o Instagram já tem os “melhores amigos”, o que leva um jovem a criar uma conta secundária dessas?
criar espaços ainda mais fechados e únicos
manter interações com quem realmente importa (quem me segue/quem eu sigo é importante - é minha rede!)
uma sensação de segurança (falsa ou não)
e ficar longe da galera mais velha (ou fora do seu ciclo, vamos assim dizer... hahaha)
isso só reforça um dos pilares mais fortes da cultura jovem atual: criar pra quem tá perto. e não pra qualquer um. #comunidade
é óbvio que o TikTok importa, eles querem criar um canal e uma conta e ter milhões de seguidores… mas quando é sobre a vida deles, é melhor manter só no meu grupo.
isso leva a gente pro:
~paradoxo do feed zero
em entrevistas recentes, o time do Meta disse que os mais jovens estão buscando um comportamento de feed zero: menos postagens.
mas os dados dizem outra coisa:
83% dos jovens entre 9 e 17 anos têm conta em redes sociais e 70% posta com frequência. a conta não fecha, né?então onde tá esse conteúdo? tá no dark social - a internet que a gente não vê. onde grande parte dessa fofoca também tava. tá tudo vazando? sim. mas até então, tava tudo no whatsapp, nos “dix", nas mensagens privadas.
aquilo que a gente não consegue ver e, principalmente, metrificar.
ou seja… time de social: se aquele post não bombou no orgânico, fala que ele tá bombando na ~dark web e nos grupos de zap. vai que cola.
fiquem com o melhor comentário disso tudo:uhuuu! parabéns pela aprovação adiantada em Harvard, Benício!!!
epa! tá curtindo? para um segundinho aí e espalha pra seu grupo de zap, do Slack, solta no email da firrrrma…
ei, mêo! solta aquela braba lá!
calma que tá acabando. fica aqui comigo mais um pouco!
a internet brasileira tá fervendo na semana e aí eu me animo:
o BBB conclave (que finalmente teve decisão!!!)
o Brasil é um dos países mais católicos do mundo. somos 13% da população católica global e mais de 50% da nossa própria população. isso significa que a “cultura” católica cresceu com todos nós (mesmo quem não é religioso).soma essa informação, o conclave e o brasileiro na internet e pronto: tem conversa que não para mais.
o mais curioso? o silêncio de quase todas as marcas sobre o tema (que costumam entrar em tudo). é raríssimo uma marca entrar nessa conversa. por mais disruptiva que a marca seja, entrar em política e religião são no-go. ~playbook de marcas tá sendo bem aplicado.
qual a marca que entrou? óbvio.kkkkkkkk ó o post aqui.
o Bad Bunny fora dos EUA
achei forte essa, ein? Bad Bunny lançou sua nova tour (ó o comunicado aqui). o artista que era pouco conhecido no Brasil até seu último álbum, já começou esgotando seus primeiros ingressos no Allianz - um dos maiores espaços do país para shows internacionais.
a surpresa aqui? mesmo sendo o “rei” dos latinos e ter feito uma das maiores turnês latinas da história nos EUA, dessa vez, ele pulou o país. mas por que?
realmente. o tiro no pé podia vir forte aqui caso o Bad Bunny fosse “responsável” por uma onda de deportação na porta do seu show.
falando nisso, você sabia que os EUA tem 65M de latinos? 20% da população do país. eles geraram um PIB de US$ 3.7 trilhões em 2022 - e se fossem considerados uma “nação”, seriam a quinta mais forte do mundo. além disso, os latinos nos EUA são responsáveis pela abertura de 50% das empresas do país. fala do espírito empreendedor deles!labubu & o “lafufu”
mesmo que talvez a gente perca um pouco o timing do labubu, vou trazer uma análise melhor sobre eles na semana que vem (e sobre a onda de "lafufu”- os labubus falsificados). como um "boneco” gera o hype que ele tá gerando? e até quando isso vai durar?
amigos, como disse ali em cima, me empolguei e fiz mais uma edição essa semana. só pra ajudar a ganhar tração. semana que vem tem mais :)
curte, compartilha e ativa o sino (que aqui não existe)
zé!
sensacional! é ótimo ser "alimentado" sobre tudo sem precisar ficar voltando 30 posts. :)
Ameeeeei!