cronicamente online #003
o desejo dos labubus, a criação do hype, o tralalero tralala e as tendências da nova geração (a alpha)...
separa aí seus 15 minutos da semana!
(eu sei que você lê e responde o zap ao mesmo tempo… por isso que leva isso tudo)
mas ele chegou: a terceira edição da cronicamente online tá na sua caixa e no seu Substack.
*encaminharias pra 3 amigos e amigas pra aumentar o alcance desse que vos fala?*
hoje é dia de falar de hype. daqueles que aparecem do nada, viralizam em todo canto, e você nem sabe como começou. e nem onde vai parar!
semana passada, terminei nosso papo falando dos labubus.
mas #sos, da onde se inventam tantas palavras? você já sabe da onde surgiu essa febre?
os labubus existem desde 2015. nasceram nas ilustrações do artista de Hong Kong Kasing Lung, e foram inspirados em criaturas do folclore nórdico. trazem um pouco de monstros, um tanto de elfos, com dentes afiados, chifres e pelugem. mas, ao mesmo tempo, se mantém fofos.
até aí, uma estética nichada e meio excêntrica, como várias outras. conectada com o jovem e com a cultura pop.
mas foi em 2019 que o jogo virou: a loja de design colecionável How2Work (famosa por transformar arte em vinil ou objetos de desejo) decidiu produzir uma versão física do Labubu. com o sucesso inicial, a Pop Mart (empresa Chinesa de brinquedos), comprou a licença e começou a distribuir. e aí começou o hype real.
pra tentar resumir o ciclo:
um curador (How2Work) validou a estética
uma distribuidora global (Pop Mart) entrou com escala e storytelling
e a partir daí, foram criadas coleções limitadas, estratégias de escassez, e experiências de unboxing que mais pareciam abrir booster de carta Pokémon com o último SSR raro do planeta (se fui muito nerd profundo nessa aqui, dá uma colada no que é isso aqui).
essa estratégia fez os bonecos deixarem de ser só “fofos” e virarem ativos culturais extremamente desejáveis (com uma pitada de vontade de fazer grana também).
pra você ter uma noção de negócio: a Pop Mart arrecadou 3 bilhões de yuans (~US$ 419 milhões de dólares) no ano passado, um aumento de 188% em relação ao ano anterior. (Trading View)

eles não só impulsionaram suas próprias vendas, mas como o mercado inteiro de brinquedos colecionáveis na China. pega essa!
mas o boom mesmo aconteceu quando, a partir dessa estratégia bem amarrada, os labubus chegaram nas celebridades. aí, amigos do “cronicamente online”, foi só correr pro abraço.
os bonequinhos colecionáveis caíram na graça dos influenciadores de nicho (aqueles que influenciam os grandes) e das celebridades.
e se tem uma coisa que a cultura pop faz bem é transformar qualquer objeto em símbolo de status (desde que a pessoa certa esteja segurando, né?)
a Lisa, do BLACKPINK (e agora também de The White Lotus), uma das maiores celebridades da Ásia, foi vista com um Labubu pendurado na bolsa.

a foto viralizou. vídeos de influenciadoras de moda rodaram o TikTok, os feeds de todo mundo e pronto: o Labubu tinha oficialmente entrado pro não tão limitadíssimo hall da cultura pop contemporânea.
na sequência? Rihanna apareceu com um, Dua Lipa também. e o que era nicho virou massivo. porque é assim que o ciclo funciona:
da arte > pro colecionador > pro influencer > pra celebridade > pro hype massivo > pro StockX (ou Mercado Livre) custando mais de US$ 1000

e aqui no Brasil? como a gente mede o sucesso da tendência?
quando chega na boca das grandes influenciadoras, pode ter certeza: o negócio estourou. a Virgínia falou dos Labubus. a Blogueirinha e a Rafa Uccman também (e até brigaram sobre a autenticidade dos bonecos) - dá uma olhada na “briga” aqui.
mas o sucesso não se mede (e nem pode!) só por like de influencer.
tem outro termômetro muito mais certeiro e de verdade: quando o assunto chega na 25 de Março. porque aí, caros LEITORES, não é mais só sobre estética, é sobre economia popular.

o Labubu vira chaveiro, mochilinha, capinha de celular, pelúcia, fantasia de criança, tem cores novas, cheiro, tipo diferente de chaveiro (…). ele vira renda. vira cultura popular.
e é aí que a gente sabe que o hype venceu.
*é a mesma lógica da música, lembra? quando vira adaptação: hitou.
ah! e pra terminar esse assunto, recorri ao nosso assistente de cada dia (alô, ChatGPT) pra gerar uma imagem da pirâmide da tendência. aquele clássico que ajuda a visualizar como uma micro tendência vira cultura de massa.
nada de novo sob o sol, mas sempre bom lembrar:

cronicamente online também é data driven, também é cultura.
o mais curioso é que grandes marcas usam esse mesmo caminho o tempo todo. vocês acham que aquela silhueta nova de tênis da Nike ou Adidas aparece no pé de todo mundo por acaso? [não].
já tem 9 a 12 meses de estratégia rolando: começa lá na passarela do Fashion Week, depois vai pras mãos dos artistas e collabs exclusivas, aparece em editorial, videoclipe, stories patrocinado (…) e só então chega na loja - e possivelmente uma loja que não é tão acessível assim.
agora a pergunta pra vocês! até quando o Labubu vai durar? qual será a nova sacada da Pop Mart? será que vão lançar novos modelos?
se a gente soubesse, que comprasse ações da bolsa de Hong Kong, né?
chegou até aqui? divulga pros seus amigos, colegas de trabalho ou até com aquela pessoa que você quer puxar um assunto. espalhe a mensagem do cronicamente online!
voltando aqui, cambada!
é impossível falar de nova geração, de hype e de tendência sem mencionar algumas das coisas mais bizarras (e às vezes - mas bem às vezes - incríveis) que acontecem na internet.
e se você ainda não foi impactado por um tubarão de três pernas usando tênis da Nike e gritando tralalero tralala, talvez seja hora de dar uma rolada mais generosa no TikTok (ou criar uma conta nova). ou então, se conectar mais com as crianças de 10-12 anos que estão ao seu redor.
em algum momento, você vai ouvir um tween (pré-adolescente) chamando o outro de chimpanzini bananini ou ballerina cappuccina.
isso tudo faz parte de um viral chamado italian brain rot - que consiste, basicamente, em imagens geradas por IA com locuções meio italianas e personagens com nomes que fazem pouquíssimo (ou nenhum) sentido.

pode ou não ter nascido na Itália (isso não é tão relevante pra cá).
o que importa é que a trend já saiu da bolha. ela começou agora em 2025, explodiu rápido e já soma mais de 400 milhões de views no TikTok com a hashtag #italianbrainrot.
só o personagem tralalero tralala tem mais de 100 milhões de views sozinho.
e pra vocês terem uma noção: a Oxford elegeu, no fim do ano passado, a palavra “brain rot” como palavra do ano - que literalmente significa “derretimento do cérebro”(pesado) - mas que aqui funciona como uma crítica ao excesso de estímulo digital e ao humor das redes.

essas trends talvez não sejam motivo pra gente se preocupar. na real, elas representam um comportamento natural: crianças e pré-adolescentes rindo de coisas sem sentido, criando código interno, e desenvolvendo uma linguagem que conecta e que os adultos não entendem.
o meme do “chad”, por exemplo, também começou assim: popular, engraçado, caótico, viral... mas foi absorvido por comunidades extremistas, virou símbolo em fóruns como 4chan, Discord e Reddit… e hoje carrega camadas de sentido bem mais pesadas.
ou seja: pode ser só meme. mas pode não ser.
vale o olhar atento de marcas, creators e profissionais pra entender se vale mesmo embarcar nesse hype todo ou se o buraco é mais embaixo.
porque às vezes, a gente só percebe depois que já virou campanha. aí já era, né?
e lá se foi mais um cronicamente online. abordando assuntos interessantes (ou não) que tão circulando pela internet durante a semana (com uma visão mais marketeira e de negócio da coisa).
ideias, sugestões, trocas e críticas? só responder aqui, mandar uma mensagem pra mim no LinkedIn, Instagram ou qualquer outro meio. ah! não esquece de mandar pra amigos, conhecidos ou inimigos (se você não gostar).
quem receber vai ficar na dúvida do que é.
nos vemos na semana que vem!
zé!
ainda bem que existe o cronicamente online pra gente ficar updated da gen alpha. preciso renovar meu algortimo ou criar uma nova conta de tik tok rs
eu descobri o que era labubu semana passada porque uma colega do trabalho comprou um, mas não fazia ideia de onde veio. agora tralalero tralala? e meme do chad? eu nem sabia que tinha nome isso 🥹